Aquele, não este.

Aquela dor insuportável de perda de quem ainda não perdeu.
Aquele amor insuportável que ainda não se sentiu.
Aquela flor, com um cheiro nunca cheirado.
Aquela vida, de um viver nunca vivido.
É por aquilo e não por isto, que sigo vivendo
É bom por mim, não só por mim, mas por aquilo que sigo assim
Tento mudar, criar um contratempo, uma história, talvez um invento
Tento sentir, tento criar, tento participar
Mas quem quer tentar? Quem pode tentar? Este ou aquele?
Aquele de querer participar, já participando.
Aquele de ouvir, já escutando.
Aquele alí, Aquele lá, aquele, não mais este nem outro, simplesmente aquele.
Aquele sentimento inesperado, inalcansável, inatingível que um dia foi sentido e nem se sabe como ou porquê.
Aquela história que uma vez contada, virou feliz para sempre de tantas outras.
Aquele sorriso que uma vez visto, nunca mais esquecido foi.
Aquele olhar... ah!... aquele olhar, quem me dera voltar a vê-lo, voltar a entendê-lo.
Falar em entender... não basta entender aquele, muito menos este.
Deve entender-se.
Mas...
Quem entender-se-a se o que está entendido não é um terço do pretendido?
Entender-se sem limitar-se, entender-se é encontrar-se mesmo sem realmente ter entendido aquilo. Não isto, aquilo.
Por que isto... isto é próximo, isto é entendível. Mas aquilo, bem... aquilo é outra história. OUtro instante.
Outros amores e romances. Outras manias. Aquilo é mais distante... Aquilo pode ser o agora. Eu quero alcansar aquilo, pois isto, ah! este eu já alcansei.

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